Texto Reflexivo - A organização curricular da escola: uma análise a partir do filme 'Escritores da Liberdade'

 

 

Texto Reflexivo - A organização curricular da escola: uma análise a partir do filme Escritores da Liberdade

 

Ao refletirmos sobre as práticas pedagógicas e curriculares que são demonstradas no filme americano “Escritores da Liberdade” (Freedon Writers, Paramount Pictures, 2007), percebemos as diferentes nuances que a trama nos evidencia a cerca de um desafio que é educar em uma escola de periferia com problemas sociais muito evidentes, como no caso do Instituto Wilson, onde se passa toda a história da professora Erin Gruwell e seus alunos.

Em sua chegada à escola, a recém-graduada professora traz consigo os planos de aula que aprendera na academia, porém a professora coordenadora pedagógica da escola a desencanta dizendo que seus planos não poderão ser aplicados à turma 203, a qual estava destinada, ou seja, deveria apenas aplicar o currículo formal, isto é, a definição do que se deve ensinar nas escolas, concretizado com base em documentos oficiais que sistematizam quais conhecimentos devem ser ensinados nos diversos níveis de ensino e assim oferecendo um grande desafio a professora Gruwell.

Ingressando na sala a professora toma conhecimento dos problemas a serem enfrentados e parte para novas maneiras de ensiná-los fugindo de normas tradicionais e reinventando seu próprio conceito docente, diga-se que ela incorpora o professor mediador, defendido por Libâneo (2002) e pratica o que diz Masetto (1994) [...] a escola não se ocupa apenas do desenvolvimento cognitivo dos sujeitos, mas também do desenvolvimento afetivo-emocional, físico, social e profissional.

O currículo oculto estava explícito na organização da Escola Wilson, com carteiras dispostas em linhas e paradigmas tradicionais de separação de turma muito evidentes, pois os chamados “melhores” alunos da escola estavam separados dos chamados “alunos problema”, justamente estes últimos os alunos da turma 203.

A partir do cenário encontrado e das dificuldades apresentadas à professora Gruwel ela parte para as ações pedagógicas pertinentes ao momento e ao espaço oferecidos. Grouwel usa uma forma mais interativa para ensinar, envolve mos seus alunos e cria neles o gosto pela leitura, como material usa um livro sobre um menino negro que sofre discriminação, caso semelhante ao de seus alunos e, com isso desperta neles o interesse em saber o desfecho da história.

Já neste contexto a professora passa a exercer o currículo em ação, propriamente dito, quando através do currículo formal adaptado a realidade encontrada e, na contramão do currículo oculto ela inicia seu novo projeto político pedagógico e plano de ensino, totalmente reformulados e adaptados à medida que a situação iria exigindo, as circunstâncias do desafio levaram a professora usar muito da criatividade e, principalmente da ousadia e perseverança de acreditar que a sua turma “problema” poderia ser um modelo para a escola.

Em respeito ao currículo formal, mas adequando à sua realidade a professora Gruwell cria a sua prática pedagógica inserindo-se na vida de seus alunos e passando a eles conceitos de igualdade, respeito e autovalorização. Em uma das atividades a professora cria uma linha no chão da sala de aula e solicita aos alunos que pisem sobre a linha se a resposta às suas questões era afirmativa e aí faz questões sobre as mazelas que eles vivem nas comunidades e, com isso os coloca frente a frente iniciando assim uma quebra no paradigma de lutas entre si, iniciando o processo de introdução de valores e respeito na turma.

Uma das atividades pedagógicas usadas pela professora, que proporcionou um grande envolvimento dos alunos com a temática desenvolvida foi a saída da sala de aula até um museu temático tratava do holocausto e relacionou isto com a vida que os mesmos levavam nos guetos americanos com seus preconceitos raciais e étnicos criando através desta prática pedagógica a atividade da escrita através de relatos que foram descritos pela pesquisa em livro, fotos e vídeos. De acordo com Libâneo (1997), o currículo em ação é o currículo que de fato acontece na sala de aula, em decorrência de um projeto pedagógico e de um plano de ensino. É a efetivação do que foi planejado, ainda que entre as ações de planejar e de executar aconteçam mudanças, intervenções da própria experiência dos professores, seus saberes, valores e crenças. 

Uma das principais conquistas da professora foi a relação interpessoal entre os alunos e a professora e entre os próprios alunos que passaram de uma situação de rivais a amigos e irmãos tornando a turma a família unida que a maioria não tinha em casa, aliás, alguns nem casa possuíam.

A visão crítica da atuação da professora vem de seu próprio esposo que se sentiu alijado em detrimento aos alunos de sua esposa, tanta foi a dedicação de Growel para com seus alunos que permaneceram com ela até a conclusão do curso. 

O estabelecimento da criação de um currículo ação adaptado à realidade apresentada demostrou que o professor mediador deve conhecer a realidade do aluno e direcionar o currículo de uma forma que se adeque com a capacidade cognitiva e a evolução deste conhecimento através de seus alunos.

 

 

 

 

 

 

Comentários

  1. Excelente percepção, o desdobramento do texto traz com muita propriedade a relação do professor e aluno, juntamente com o caminho do conhecimento.
    Pensar as características de novos paradigmas pedagógicos através da leitura singular do filme, conduz nos a reflexões mais elaboradas, contudo de maneira lúdica.
    Um belo exemplo de que podemos aprender com qualquer situação, vai depender do olhar lançado sobre o objeto de estudos.

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