GARIMPO BRASIL, AINDA SOMOS GARIMPADOS
Por
Gilberto Machado*
Em artigo publicado na Revista
Proteção nº 11 em sua página 07, o agroquímico Sebastião Pinheiro cunhou para o
Brasil, ilustrando desta forma o desrespeito para com os recursos naturais do
país, a alcunha de “Garimpo Brasil”. Esta garimpagem é datada do início da
Idade Moderna, corroendo as possibilidades da sociedade dar certo, tendo
iniciado desde a sua colonização pelos portugueses em 1.500.
As riquezas tratadas por Sebastião
como “pepitas” foram os diversos recursos naturais, do Pau-Brasil ao algodão, garimpo
este que foi estendido aos humanos; índios e negros. A garimpagem perdurou e,
infiltrada em todos os meios da sociedade, sendo mais cruel por ter
descompromisso com a pessoa e com o local da sua lavra. As pessoas perseveram
nesta garimpagem nas grandes cidades, não preservando a história e buscando
ampliar a usurpação dos recursos para si, repetindo de forma insana a exploração
das riquezas; Pinheiro cita o mercúrio no rio Madeira matando os Ianomani.
Com o mesmo conteúdo o Garimpo
Brasil só muda os garimpeiros e as formas de exploração. Pinheiro cobra uma
maior eficácia dos ecologistas e dos militantes da saúde do trabalho. Por fim,
conclui que o país não dando mais pepita
a ninguém criaria uma espécie de anticorpos contra os garimpeiros.
A partir destas considerações de
Pinheiro podemos fazer nossas próprias conclusões sobre a permanência deste “Garimpo
Brasil”, pois esta exploração prossegue de diferentes formas e não mais por
portugueses colonizadores ou por americanos ávidos por nossos recursos naturais
e pesquisas científicas, mas por “garimpeiros” muitos que agem de forma muito
mais algoz do que os próprios estrangeiros, são aqueles que facilitam a exploração
dos forasteiros e deforma ainda pior, sugam nossas riquezas para si e depositam
o soldo em contas situadas nos chamados paraísos fiscais, haja visto que se retiram
daqui não é para esta terra que irão depositar tal fruto de falcatruas para que
aqui gere impostos, pois seria uma “devolução” à fonte, ou ao “garimpo”.
As pepitas são extraídas dos cofres
públicos, das fontes dos recursos subtraídos através dos impostos que a produção
nacional gera e não recebe em benefícios retornáveis, pelo contrário, mendigam
por obras e logísticas governamentais e se querem garanti-las tem de pagar alto
preço por isto em forma de propinas.
Em suma, o “Garimpo Brasil” tem como principais “garimpeiros”
de forma histórica e centenária, seus próprios políticos.
Fonte:
Texto apresentado na disciplina de Língua Portuguesa, Professora Darlene Webler,
Revista Proteção, nº 11, p. 07
- Gilberto Machado- Acadêmico do Curso
Superior de Letras/Espanhol da FURG – Rio Grande, UAB - Polo Sarandi-RS
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