Resenha crítica
Respeitar, cuidar e amar - O que diz Carpinejar
Por
Gilberto Machado
Os relacionamentos e as relações
interpessoais foram tema de palestra do escritor Fabrício Carpinejar, dia 21 de
junho de 2016, no Salão de Atos da UPF em Sarandi, promovido pela Secretaria
Municipal de Educação em parceria com o SESC, sob o título de: “Relacionamentos
em tempos líquidos e virtuais”. A abordagem
muito dinâmica e interativa do escritor, jornalista e professor Carpinejar foi
direta em alguns momentos e indireta e relacionada a fatos vivenciados por ele
no decorrer de sua vida. Ao se reportar ao fato de termos menos apego aos bens materiais
e nos importarmos mais com as pessoas, Carpinejar citou passagens de sua
infância no interior do Rio Grande do Sul quando viveu intensamente a relação
familiar, citando muito sua mãe e seu irmão em alguns momentos. Seus próprios
exemplos vividos serviram para levantar aspectos e discussão sobre o bullyng lembrando que os adultos o tratam
com a criança de uma forma ilusória, pois se o aluno é baixinho, gordinho, ou
enfim, tem características comuns de quem sofre este apontamento, Carpinejar
disse que os adultos tem de conversar mais abertamente e de forma verdadeira
com as crianças, fazendo com que elas tratem o assunto de forma mais natural e criativa,
fazendo disto uma forma saudável e inteligente, não demonstrando o
aborrecimento, mas se sobressaindo de forma mais sátira da situação.
O relacionamento das pessoas com
seus pais e a apreciação dos pequenos detalhes em família no dia a dia, deram
um sentido de emoção na oratória de Carpinejar. Ele relatou que se emociona
quando chega em uma residência e percebe que há artigos na estrutura a casa que
denunciem que houve ou há uma pessoa idosa que recebeu, ou ainda recebe os cuidados
especiais por parte de seus filho, ressaltando que estes anos de cuidado com os
pais idosos, nada mais é do que a devolução dos anos que os pais dedicaram para
o nosso cuidado durante nossas vidas, principalmente na infância.
Citando inúmeras vezes sua mãe, o
escritor apontou o carinho e a sensibilidade dela quando de seu diagnóstico
impreciso da escola, de que ele era portador de retardo mental, tendo assim que
deixar o ensino regular por não acompanhar aos demais. Sendo assim a mãe, não
expondo o filho, falou que iria tirar
umas férias com ele em casa, pois saiu de seu trabalho e passou a alfabetizar o
menino com diversas formas de brincadeira e ele disse: - “...eu achava que
estava de feliz com minha mãe em minha casa, que tinha ela só para mim, aí ela
me ensinava brincando, eu achava que estava brincando, mas estava aprendendo a
somar, a escrever e ler com as
brincadeiras de minha mãe...”- concluindo que muitas crianças são taxadas de
forma errada pela própria escola e se tivessem sido olhadas de uma forma
individual, pois nem sempre quem termina a tarefa primeiro tem de ser
penalizado em esperar os outros, pois de acordo com Carpinejar os mais ativos,
geralmente são os mais inteligentes e que obediência e calma não são sinônimo
de inteligência na sala de aula. Questionado
sobre o seu maior desafio como educador, Carpinejar disse que fazer seus filhos
gostarem de ler é o seu maior desafio, que eles gostem de forma espontânea de
lerem suas obras.
Concluindo, observou-se que os
relacionamentos, principalmente afetivos entre casais e familiares, têm tido
uma grande dificuldade de perdurarem pois, segundo o escritor, jornalista e
professor Fabrício Carpinejar, “...não existe amor que termina, existe amor que
se mata...”, fazendo referência ao desleixo que os casais têm entre si quanto a
sua estética em casa, “...pois se arruma só pra sair, e não para ficar...”,
para ficar em casa, para ficar com a pessoa amada ter bons momentos entre quem verdadeiramente
se ama e, se importa com a gente.
(Gilberto Machado é acadêmico do 6º
semestre do Curso de Letras/Espanhol na FURG
Polo UAB Sarandi.)
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