LOBATO,
Monteiro. Nos domínios da sintaxe. Emília no País da gramática, Cap. XIX. Círculo do Livro S.A: São
Paulo, Brasil. 94 p.
Resenhado
por Gilberto Machado
Monteiro
Lobato em “Emília no País da Gramática” nos mostra uma forma engraçada e lúdica
de ensinar, através de uma estória com seus personagens do “Sítio do Pica-Pau
Amarelo”, seu clássico literário que acabou nas telas da televisão.Os
personagens Pedrinho, Narizinho, Emília e o Visconde de Sabugosa, viveram uma
aventura com o rinoceronte “Quindim”, que recebera este pseudônimo de Emília. O
quadrúpede levou-os ao País da Gramática, onde exploraram a cidade de
Portugália, onde estavam as palavras da Língua Portuguesa.
No
capítulo XIX - “Nos domínios da Sintaxe”, eles encontram o bairro da Sintaxe,
dividido em duas zonas, a da Lexiologia,
onde as palavras viviam soltas e a da Sintaxe,
onde as palavras andavam em família, ou seja, uma oração. Em uma das
primeiras lições que tomaram, foi a de que a oração leva na frente da família o
sujeito e depois o predicado. E o predicado é o que se diz do sujeito e a
importância do sujeito é bem destacada, eles, são os termos essenciais da
oração. Destaca também os termos integrantes da oração, para que haja a
concordância na construção da frase. Assim explica-se o uso do complemento
verbal, do objeto direto e do objeto indireto, dos termos acessórios; o adjunto
adnominal completando qualificando e determinando o substantivo e o adjunto
adverbial,complementando e qualificando o verbo.
Às
voltas com as palavras e classes gramaticais, os personagens se deparam com a
própria Senhora Sintaxe, a qual lhes fala de sua importância na cidade de Portugália, no País da Gramática, de seu ofício de passar a vida fiscalizando a
concordância das orações, ajustando as palavras – “Minha vida aqui é o que se
vê. Tenho de estar fiscalizando todas estas senhoritas para que a cidade não
vire salada de batatas. As frases que andam com a concordância na regra tornam-se
claras como água da fonte - e a clareza
é a maior qualidade que existe. Tenho também de cuidar da colocação ou da ordem
das palavras na frase” – disse a senhora Sintaxe.
Ao
fazer o uso destas comparações entre as palavras e orações serem a população de
um país, o autor prepara não somente o estudante da gramática, mas também o
professor para esta forma de interagir com seu aluno, através de uma estória
fictícia que trata da lição ao estudante, tornando o ensino menos monótono para
ambos.
Em
suma, Lobato nos apresenta nesta obra um envolvimento não somente dos
personagens, bem como do leitor, que ao viajar por este país imaginário, suas
cidades e bairros, acaba por absorver o tema proposto. Neste capítulo, todas as
nuances da sintaxe são expostas ao leitor; como a aplicação de sujeito e
predicado, a colocação correta dos verbos, a qualificação das frases, a nominação das regras de ordem direta(sujeito
antes do verbo) e inversa(verbo antes do sujeito nas frases optativas e
imperativas) nas orações, colocação dos
pronomes para uma formação mais adequada da oração diante deles, o sujeito e o
verbo, denominando suas nomenclaturas perante a gramática normativa; pronome
Proclítico, Enclítico e Mesoclítico.
A
arte de Lobato é um misto de recreação, interação, até a absorção do conteúdo
da gramática, uma forma de aperfeiçoamento de nossa comunicação com a função
sintática correta no uso da língua
materna. O seu objetivo fica bem claro em Emília
no País da Gramática, através de sua obra, utilizando de seus mais conhecidos
personagens ele envolve o leitor em um aprendizado leve e tomado pela magia da
literatura infanto-juvenil, com sua ficção que motiva o imaginário de seus
leitores.
A
obra é direcionada a estudantes, professores e público em geral, recomendo pela
forma lúdica que passa o conteúdo tanto para acadêmicos quanto para estudantes
de níveis inicias.
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