Análise do texto Filosofia da Educação e formação de professores no velho dilema entre teoria e prática

O texto de Amarildo Luiz Trevisan apresenta propostas para superar o dilema entre a teoria e a prática na formação de professores citando diversos pensadores da área que expressam suas experiências em pesquisa sobre o tema proposto.
Trevisan detalha nos pensamentos expostos o significado e a significância da teoria do reconhecimento do outro, que por muitos é defendida. O autor traça diferenças entre a pedagogia que valoriza a competência e a que privilegia a qualificação destacando uma delas como o eixo central na atual reforma curricular das licenciaturas, especificando o porquê desta definição.A discussão da inserção do estágio supervisionado já nas fases iniciais da formação de professores no processo de licenciatura é debatida na pesquisa de Trevisan, que aponta de acordo com os teóricos como sendo uma questão polemizada na formação, pois há quem a defenda e outros não, porém é uma das formas de aliar a teoria e a prática aproximando-as ou distanciando-as conforme a antecipação ou retardo deste processo de estágio supervisionado na formação de docentes.
Estudos chamam a atenção da importância do conceito de informação em sentido amplo e o dilema entre a teoria e a prática onde elas tornam-se um dos principais eixos articuladores da formação com a realidade dos professores. Trevisan coloca de forma genial a afirmação de que a formação do professor não pode ficar refém de uma pretensa teoria e menos ainda do lado simples da prática, o que seria conforme o autor, uma forma de tencionar o problema. (TREVISAN, 2011.p.198).
“O professor pode produzir conhecimento através da prática, desde que a investigação reflita intencionalmente sobre ela, problematizando os resultados obtidos com o suporte da teoria. E, portanto, como pesquisador de sua própria prática”. (PIMENTA, 2006, p.43)

Trevisan deixa claro que basear-se em uma simples prática seria uma forma de projetar o problema da formação. A proposta defendida por ele é que as dificuldades nas políticas de formação de professores em aliar a teoria à prática, privilegiando a prática, como no caso de antecipar o estágio supervisionado, por exemplo. Ações como essa podem apenas significar uma passagem de teorias de uma a outra, ou seja, da normativa para a explicativa. E como segunda proposta Trevisan defende a tese da teoria do reconhecimento social do outro, com o intuito de despertar o que ele chama de pássaro de Minerva, citando Hegel – “Quando as sombras da noite começam a cair é que levanta voo o pássaro de Minerva”. (HEGEL, 1986, p. 15). Nesse ponto temos a conquista do voo do reconhecimento, denunciando a submissão aos estreitamentos reflexivos implantados na formação de professores.
A chamada filosofia Hegeliana é dada neste estudo de Trevisan, citando Ítalo Testa, como a própria Teoria do Reconhecimento que é definida por ele como a entrada no mundo espiritual deixando um estado de natureza, (TESTA 2008, p.114). O que se pode dizer é que se promove uma articulação dialética das tendências agressiva e cooperativa do ser.Esta teoria de Hegel seria que o reconhecimento é o conceito intermediário entre prática e conceito, contemplando uma interação entre estes elementos da formação de professores.
Em detrimento ao exposto acima, vale ressaltar que é ponto importante que analisemos as ideias e talvez função do reconhecimento social do outro nos remetendo a pensar que essa Filosofia da Educação inspirada nestes contornos, nos remete a um sentido que nos prepara ou habilita para servir em um ensino mais completo, preparando o terreno para que não tenhamos irregularidades quanto à compreensão do processo. Em ambos os lados, professor e escola não pode haver subserviência: percebemos que a escola, universidade deve evitar encontrar saídas ou subterfúgios para deixar de lado a relação como simplesmente formar alunos. É importante lembrar e aqui é uma reflexão do grupo, constatamos que a questão competência acaba não substituindo a noção de qualificação, existindo entre elas uma grande diferenciação. O que percebemos é que a competência das pedagogias, prima pelo construtivismo, priorizando o universo subjetivo quanto à aquisição de conhecimentos, e ainda nas abordagens interdisciplinares, deixando de lado as dimensões sociais e históricas do processo educativo, procurando aproximar educação e trabalho. Já o conceito de qualificação vem regular as relações de trabalho quando do campo da educação. Podemos entender que ela busca modelos flexíveis e diferentes, todos relacionados a pratica do trabalho em geral e não apenas ao exercício de certa ocupação.Buscando a objetividade e o entendimento destes pontos, percebemos que a qualificação tem seu inicio na teoria e a competência das pedagogias é o reconhecimento do saber pela prática.
Por outro lado para que possamos ter um intermediador e evolução desses processos de competências pedagógicas e qualificação, é de suma importância que a escola esteja ciente que precisa ter uma responsabilidade maior no que diz respeito à formação de estagiários, seus futuros educadores. O importante neste processo é que ambos se encontrem e se completem, pois cada um se reconhece na identidade do outro, aquilo que chamamos por empatia.  Recordemos que é necessário que haja confrontos ou lutas de reconhecimento entre ambos os estágios, de forma igualitária nas interlocuções e sem falar é claro no que se referem os complementos e consensos, pontos importantes e básicos no reconhecimento social do outro. É evidente que a mistura dessas pedagogias, aliadas ao reconhecimento social do outro, acabam por dar um caminho mais claro nos que refere ao processo educação. Entendemos que não existe uma receita exata, pois, a ideal filosofia da educação que converge para a teoria e prática, é um processo em construção e evolução. Lembremos que a qualificação começa pela teoria e a competência pela prática. O fato é que nem um nem outro acaba por atender as demandas pedagógicas, por apenas ter um foco nos seus extremos. Desta forma a importância do reconhecimento social do outro.
Para concluir nossa análise, entendemos que a teoria do reconhecimento nos remete as alternativas de caminhos a serem seguidos, lembremos que quando existe um confronto entre dois extremos, é claro que podem a partir deste debate termos como extrair questões que podem ser respondidas. Vale ressaltar, a teoria do reconhecimento acaba sendo uma espécie de interlocutor de um modo em que articula as ideias em uma base de enfrentamento das duas extremidades entre professor e aluno, não deixando dúvidas que a partir desta reflexão podem existir novas caminhadas passíveis de novas pesquisas.
Referências

TREVISAN, A.L. Filosofia da educação e formação de professores no velho dilema entre a teoria e prática.


Alunos UAB-FURG -LETRAS - PORTUGUÊS/ESPANHOL - Polo Sarandi
Gilberto Machado, Giancarlo Barros e Karina Marzani

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