Análises do Modernismo dos poemas de Manuel Bandeira

  Sobre o poema “Pneumotórax”, após ler o referido e algumas colocações na internet, notei que o eu lírico, apesar de ser em um momento de modernista, aparece mesmo que de forma subliminar, pois não há a identificação de que o “doente” é Manuel Bandeira, porém se pesquisar você saberá que ele estava vivendo a doença da tuberculose e apesar de poetizar algo que era terrível para si mesmo, ele relata o que estava passando e, no caso de um pneumotórax a sua vida seria abreviada.
  Portanto, mesmo que tragicômico ele escancara uma terrível mazela da saúde pública da época, os surtos de tuberculose e as baixas perspectivas de vida da sociedade, ou seja, escancara problemas seus e de da época, características bem definidas do modernismo, o abalo, o choque e o incomum.

  Algo semelhante ocorre como João Gostoso, personagem do “Poema Tirado de uma Notícia de jornal” ele tem uma vida medíocre e o seu final é medíocre e trágico, ou seja uma pessoa sem perspectiva alguma de sucesso na vida que tem um precoce fim; tudo relatado de alguma forma eternizada como poema, pois apenas como notícia de jornal, como Bandeira sugerira seria um caso a ser esquecido e o João Gostoso era um representante de uma classe que estava à margem da sociedade burguesa relatada de formas métricas em obras de outras escolas literárias passadas, anteriores ao Modernismo.

Pneumotórax
Febre, hemoptise, dispnéia e suores noturnos.
A vida inteira que podia ter sido e que não foi.
Tosse, tosse, tosse.
Mandou chamar o médico:
– Diga trinta e três.
– Trinta e três... trinta e três... trinta e três...
– Respire.
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– O senhor tem uma escavação no pulmão esquerdo e o pulmão direito infiltrado.
– Então, doutor, não é possível tentar o pneumotórax?
– Não. A única coisa a fazer é tocar um tango argentino.

Poema tirado de uma notícia de jornal"
João Gostoso era carregador de feira livre e morava no morro da Babilônia num barraco sem número
Uma noite ele chegou no bar Vinte de Novembro
Bebeu
Cantou
Dançou
Depois se atirou na Lagoa Rodrigo de Freitas e morreu afogado.
 
(In: Libertinagem, de Manuel Bandeira)

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