BREVE RELATO
VERÍDICO SOBRE OS MODOS E COSTUMES DOS TUPINAMBÁS
Por Gilberto Machado
STADEN, Hans. Duas
Viagens aos Brasil.
As aventuras marítimas do alemão Hans Staden,
relatadas em seu livro, nos remetem às agruras que os marinheiros da época
passavam nos longos meses em alto mar sujeitos às mais variadas intempéries
possíveis, mudanças dos ventos, ataques a piratas, confrontos com outros
navios, quase naufrágios que acabaram por fortalecer suas expedições na costa
européia e no rumo à América.
Na longa história de Staden as suas experiências com
os índios brasileiros sempre foram de combates e tréguas posteriores até um
determinado momento, porém sempre identificando as distintas tribos existentes,
algumas pacíficas e já amigas e outras nem tanto e praticantes de rituais de
canibalismo aos reféns europeus.
Em “Breve relato verídico sobre os modos e costumes
dos Tupinambás” Hans Staden relata exatamente o que presenciou em sua estada no
Brasil e de como viviam os nativos de nossa terra, com sua cultura e costumes
próprios, sua culinária baseada em mandioca e peixes e, inclusive a captura e
em seguida a execução, esquartejamento e consumo de humanos inimigos. Os índios
tinham seus papéis bem definidos na sua civilização, inclusive as mulheres que
faziam a maior algazarra quando da detenção e posterior assassinato dos reféns,
praticando danças, “desfilando” com as partes dos reféns mortos e outros
afazeres que iam além da simples reprodução da espécie e cuidado com o ambiente
da aldeia e suas ocas e malocas.
Em diversos momentos de sua vivência com os índios
Tupiniquins, Carijós e Tupinambás no Brasil, Staden invocou sua fé católica,
forte entre os europeus, para livrá-lo das agruras que passara nas mãos dos
selvagens, como os chamavam os europeus.
A leitura desta obra se torna imprescindível no
ponto de vista cultural e acadêmico, pois relata através da ótica de Staden,
ele narra todo o livro em primeira pessoa, todos os detalhes dos indígenas,
suas vestes, seus rituais, o que há em sua volta, animais, vegetação,
habitações, enfim em pequenos detalhes a sua narrativa nos transporta para a
época do ocorrido, dando uma credibilidade ao que o autor conta.
Se o alemão Staden escreveu realmente tudo de uma
forma verídica é difícil de confirmar, porém, acompanhado das ilustrações de De
Bry tudo toma uma forma visível do que foi escrito sobre sua estada entre os
selvagens. Percebe-se ainda que ao contrário dos índios do México, Peru,
Bolívia e demais terras da América do Sul nossos nativos não possuíam grandes
edificações e seus usos e costumes eram muito mais comparados a verdadeiros
selvagens do que a uma civilização que produz arte, cultura, constrói templos e
demais edificações, como foi o caso dos Maias, Incas e Astecas, nativos de
países da América.
As gravuras de De Bry são tomadas por relatos das
atrocidades que os índios brasileiros faziam em seus rituais de canibalismo
contra seus prisioneiros, ficando agora nós leitores somente com a versão de
Bry e de Staden, especificamente nesta obra que mais desqualifica do que
rememora nossos índios nativos aqui do Brasil, os Carijós, os Tupiniquins e, em
especial os Tupinambás que capturaram e mantiveram cativo por muito tempo o
alemão narrador desta obra literária, Duas Viagens aos Brasil, recomendável e
de forte conteúdo sobre nossa história.
Gilberto Machado é Acadêmico do Curso de Letras
Português/Espanhol da FURG e Professor Estagiário na Escola Dr. João Carlos
Machado de Sarandi/RS.
Comentários
Postar um comentário
Obrigado por comentar.